Friday, March 07, 2008

Utilizando o formato RAW

Comecei a fotografar em formato RAW recentemente, mas as vantagens proporcionadas por este formato já me convenceram a utilizá-lo de forma definitiva.
O RAW é como se fosse um "negativo" da foto digital, isento de qualquer processamento adicional após a exposição - analogamente, é o oposto do formato JPEG processado pela câmera, onde filtros digitais geralmente são utilizados para melhorar o contraste, clareza, cores, compressão de tamanho, entre outros. Sendo assim, a fotografia em formato RAW ("cru", em português) é a captura da exposição sem qualquer processamento artificial.
Na prática, quase todos os fotógrafos que utilizam RAW processam suas fotografias posteriormente em algum programa de manipulação no computador. De forma relativa, isso é basicamente o que a câmera também faz com o formato JPEG, mas é óbvio que o poder de processamento e as opções de manipulação de uma câmera não se comparam às de um computador padrão juntamente com um bom programa de manipulação de fotografias, como o Adobe Photoshop.
O formato RAW fornece um leque muito maior de opções e possibilidades criativas para o fotógrafo, mas isso tudo não vem de graça. Eis algumas das desvantagens:

  • O tamanho dos arquivos gerados em RAW é muito maior do que no formato JPEG (na minha Canon 400D, por exemplo, uma foto de 10 megapixels possui, em média, um tamanho de 8,5Mb para o formato RAW e apenas 3,2Mb para JPEG), o que compromete a quantidade de fotos possíveis com um único cartão de memória;
  • Outra desvantagem é a diminuição do número de exposições possíveis em modo contínuo ("burst rate") - a Canon 400D consegue a marca de até 3 exposições por segundo, com um limite de 27 fotos para o modo JPEG e apenas 10 para o modo RAW, depois disso é necessário esperar o buffer interno da câmera armazenar as imagens no cartão de memória para poder tirar as próximas fotos (como os arquivos RAW são quase 3 vezes maiores que em JPEG, o 'burst rate' também é quase 3 vezes menor quando utiliza-se RAW). Este pode ser um fator negativo para os fotógrafos de esporte e outros motivos que necessitam tirar fotografias em quadros continuamente rápidos;
  • O tempo utilizado para descarregar, processar e arquivar as fotos é obviamente muito maior do que apenas descarregar fotos JPEG diretamente para o computador;

Mesmo assim, a certeza de se obter uma qualidade maior no resultado final e a liberdade criativa que o formato RAW possibilita, faz do formato uma escolha óbvia para os fotógrafos mais sérios, ainda mais nos dias de hoje quando o custo de cartões de memória com grande capacidade de armazenamento estão cada vez mais baratos.
Podemos comparar o JPEG e o RAW nas fotografias com filme, onde o JPEG se equivale àquele fotógrafo que prefere apenas levar seus filmes em alguma loja de revelação rápida, e o RAW ao fotógrafo que prefere ele mesmo revelar seus filmes numa sala escura, processando seus negativos cuidadosamente, tendo a liberdade de poder alterar a seu gosto o resultado final.
Assim como na sala escura, praticamente todos os fotógrafos que utilizam RAW seguem um determinado "workflow" (fluxo de trabalho) para processar suas fotos. o que torna a tarefa mais produtiva e organizada. Muitos programas de computador auxiliam enormemente nessa tarefa. No ambiente Windows, o Adobe Lightroom é o favorito dos usuários mais sérios e profissionais. Ele é fenomenal na hora de armazenar, catalogar, processar, tratar e exportar as fotografias feitas em RAW. Dá pra automatizar muitas tarefas também, por exemplo utilizando-se processamento em lote (batch processing) aplicando os mesmos parâmetros de tratamento e conversão num conjunto de arquivos, o que é bem produtivo na hora de processar uma sessão de fotos com o mesmo assunto e luz, ao invés de se dedicar a cada foto individualmente. Para quem usa o Linux, como é o meu caso, a combinação F-Spot (catalogação e armazenamento) + Bibble Pro (conversão e tratamento) + Gimp (tratamento mais refinado) é fantástica.
Eu sugiro estudar os manuais do Adobe Lightroom (para os usuários do Windows), que é recheado de muitas informações acerca da conversão e tratamento de fotografias feitas em RAW. Os fóruns na internet sobre fotografia digital também contêm muito material disponível. Em uma outra ocasião, eu falarei aqui mais sobre as aplicações para o ambiente Linux, visto que a utilização desta plataforma para processamento fotográfico ainda é pouco utilizada, mas que provê soluções fantásticas, com o 'bônus' de ser aplicações abertas e gratuitas.

Wednesday, March 05, 2008

Por que ter um blog sobre fotografia ?

Eu mesmo fiquei a fazer essa pergunta por um bom tempo, quando a idéia inicialmente me veio à cabeça. Sempre abominei a popularização dos blogs (não a idéia em si, que fique claro), que ultimamente têm se tornado a versão moderna dos diários adolescentes, com a exceção de que estes ainda possuíam seu "charme" peculiar, ao menos nas minhas lembranças de infância, principalmente ao fuçar sorrateiramente os queridos e bem guardados pensamentos e confissões das minhas colegas de classe no colégio. O que vejo hoje é uma confusão de frases, imagens e verbarrogia soltos, poluindo toneladas de páginas com fundos rosa shock e me dando dor-de-cabeça ao tentar interpretar textos que mais parecem ter sido escritos numa língua ininteligível.
A idéia de escrever e manter este blog me pareceu uma solução natural ao meu aprendizado sobre fotografia. Sou um auto-didata, e não tenho pretensões de frequentar formalmente qualquer curso de fotografia. Apesar disso, fotografia tem se tornado uma paixão (melhor seria dizer obsessão) nos últimos 18 meses, período no qual tenho explorado muitas das possibilidades técnicas da minha primeira câmera DSLR, uma Canon 400D (também conhecida como Rebel XTi em solo estadunidense). Agora que me sinto razoavelmente confortável em relação à parte técnica, percebo o quanto ainda tenho que aprender sobre o lado "artístico" da fotografia.
Já dei meu primeiro passo ao adquirir alguns livros não-técnicos sobre essa forma de arte que tanto me fascina, além de diariamente passar horas olhando, apreciando e criticando (quase sempre mentalmente) fotografias pela internet, sempre tentando me ater à técnica utilizada. Mas justamente por conhecer as falhas do meu próprio método auto-didata é que decidi compartilhar minhas descobertas, pensamentos e tropeços durante essa nova fase de aprendizado, pois me identifico bastante com aqueles que aceleram e otimizam seu aprendizado através do registro deste.
Espero compartilhar aqui muitas experiências, práticas ou teóricas, acerca da fotografia em geral, mas mais especificamente sobre fotografia digital. Técnicas de utilização da câmera, dicas sobre composição, luz, assuntos, utilização de programas para retocar e melhorar fotografias digitais, enfim, tudo o que eu julgar que seja de boa valia ao meu aprendizado será registrado neste espaço. Espero também poder reler constantemente estes registros para uma auto-crítica construtiva e comparativa conforme eu aprimorar minhas modestas habilidades como fotógrafo amador. Acho que, enfim, estou também a reviver meus anos dourados de adolescência e construindo meu próprio diário.